segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Amar, mesmo enloquecido, amar!

O poeta vivia só, nas amalgamas da solidão e no medo de sentir-se na companhia de uma mulher ou de pessoas que lhe agradassem, era medo do que as pessoas poderiam lhe exigir ou oferecer, o reinado era para ele mesmo, isso lhe bastava.
Sozinho sabia que leões eram menores e eram criados dentro dos seus próprios limites, já que o que fosse externo a ele não dependia somente de suas vontades, um dia resolveu sair e ver poesia na rua.
Primeiro viu um casal de namorados que era observado por todos, era uma paixão que se estarrecia a quilômetros, o poeta olhou, sorriu, cheirou e sentiu amor, mesmo que alguma coisa naquele casal não fosse convencional, mas encantava a quem por ali passava.
Continuou a andar, viu um menino só, o menino olhou o poeta no olho e falou com ele sem palavras, sinto-me só, não porque quero, mas porque o mundo me deixou assim, há um menosprezo na falta de amor, há um desencanto por causa da dor.
O poeta chorou e continuou ainda só, começou a ver como amigos se abraçavam e se beijavam, o que o motivou a assumir que sua solidão era atingível e quase inquisitória, buscava fugir quase dos seus próprios leões.
O poeta resolveu parar e escrever o que viu, eu me sinto só e pronto, sempre me senti inacabado e menor, não podia amar ninguém, o sentimento de vazio constante me fez ir lá fora e tentar rever o que sentia, vi o apelo do mundo pelo amor, o desejo do toque, a necessidade do sorriso e o rogar dos olhares, além de tudo eu vi barreiras sendo rompidas pelo desejo de amar, além de toda e qualquer aparência empírica, resolvo e assino aqui, no registro de minhas palavras que desejo amar.
Depois desse decisão o poeta entregou-se ao convívio, amou muito, por várias vezes e sofreu, mas sofreu e aprendeu, que o sofrimento gera amor, que descobrir a dor no amor é a maior das benevolências do homem. O poeta amou e amou e enlouqueceu de amar.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Foi só um mero encontro...

Ontem um menino caminhava ao lado de um homem, esse menino via toda uma dissolução de pessoas que dançavam, embalavam-se ao som de uma música que comovia e excitava, engraçado o menino queria e tinha vontade de traçar aventuras, mas o homem insistia em lhe oferecer razões pelas quais o menino não conseguia também se encaixar ou viver aquele momento.
O menino usava uma camisetinha básica, modelo “Hering” e rosa, mas o homem ao lado insistia em dizer que aquilo era um tempo passado e que às vezes tudo tem seu momento exato de passar, como fases da vida que são mais que naturais.
Então dance, o menino disse ao homem, assim, ele dançou, mas algo o incomodava, parecia que suas razões não conseguiam compreender tudo o que vivia ali, o primeiro convite da noite, a sua frente e um não meio desvairado e educado.
Às vezes o corpo fala, ontem, o do homem transmitia alguma sensação de desconforto, formava-se uma comoção absoluta entre o menino e o homem, era uma antinomia absoluta, as entranhas desejavam uma solidão absoluta, longe daquilo tudo, mas o menino ainda insiste em dançar e observar tudo que o cercava.
Passam-se várias horas, o menino desaparece, cansou de insistir no mesmo erro, somente o homem ali permaneceu, com uma expressão sisuda, melancólica, de perceber que são todos iguais, nada mudou, são as mesmas estações, mas eu já não era o mesmo de um ano atrás.
Virou-se de costas para todos e foi-se embora, quem sabe para nunca mais voltar a se encontrar com aquele menino que dançava o ritmo que não era o da vida.